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Pequena estória sem fim de grandes amantes sem um começo

A fisionomia dela habitava na memória há muito tempo
Se conheceram muito antes de se conhecerem
Batiam na porta três vezes por dia e não abriam
Ela, longe da porta, em movimento, parada no ponto de onibus do tempo
Ele, na frente da porta, parado estático, em movimento, viajando num trem sem parada nem direção

Todo ano lhe chegava um cartão dela, de algum lugar do mundo
Todo ano, daquele mesmo lugar, ele lhe escrevia uma carta e não mandava
Durante muito tempo se encontravam todo dia e de vez em quando se viam, trocavam informações já sabidas e iam embora felizes
Ele sempre ficava, ela sempre ia, mas quando voltava era como se ele sentisse um vento anunciando a sua chegada, e ele sabia que voltariam a se encontrar, mais alguns minutos, antes que ele ficasse estático e ela fosse embora…

Um dia depois de algumas loucuras, estórias mal resolvidas, aventuras perigosas, um pouco de história e muito conhecimento de quase tudo…se encontraram novamente, desta vez diferentes, mais vivos e brilhantes como antigamente: ela dizia que havia viajado muito e queria ficar, ele acreditava que agora estava pronto e queria partir…mas… antes que a estória se repetisse ao inverso, beijaram-se na madrugada gelada: línguas e corações gêmeos se reencontrando,o primeiro e último beijo inventando outras estórias e começando a acontecer…

pra índia
que inventou estilo
e acreditou na história

( ”- Mas não seria natural
   - Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem
   - Natural é encontrar. Natural é perder
   - Linhas paralelas se encontram no infinito
   - O infinito não acaba. O infinito é nunca
      ou sempre ! ” )

Caio Fernando Abreu

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