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Fúria

Três horas e trinta minutos de um quatro de agosto qualquer
Vinte e seis anos me perseguem nesta encarnação
Já não tenho medo da escuridão
Ouço tiros lá fora e não sei se tenho mais medo da violência das ruas ou do interior do ser humano
Trancado no banheiro tenho medo que incendeiem a comodidade desta prisão em que me encontro
Ouço tiros lá fora e não sei se a multidão adormecida me espera no portão furiosa em seu julgamento prévio independente da “minha boa aparência”
Tenho olhos de menino triste
Olhos grandes que arregalados podem transformar a minha fisionomia em expressão alucinada e sedenta de sangue
O que passa no interior das pessoas ? um vagão de trem inconsciente com necessidade de fogo e relações tribais de disputas por ilusões fugazes
Trago em mim a capacidade de ser artista: poeta, ator, filósofo…
Mas de que adianta tudo isso se não há racionalidade suficiente no mundo pra conter o preconceito a ganância a inveja e o poder sobre poder ser algo além do que se é
Na era da comunicação informatizada as pessoas economizam palavras olhares e toques com medo de se consumirem e tornarem-se vulneráveis umas as outras
O sentido de “viver em sociedade” foi substituído pelo sinônimo individualidade e castidade
Diante disso eu quero mais é arder em chamas dizer meu nome sem esperar resposta beijar tua boca não pedir perdão e ir embora sem pedir licença
Ouço tiros lá fora e não sei se já estou morto ou faço parte desta multidão…

(inspirado em Fritz Lang)

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