Quando olho no espelho, tenho alguns anos a mais do que eu pareço ter e alguns anos a menos do que eu realmente tenho. Atualmente tenho quarenta e cinco, mas também tenho vinte, tenho sete, tenho trinta e tantos outros que já vivi; mas também posso ter setenta, somadas todas as horas de aprendizado e experiência. Quando olho no espelho vejo o homem que já foi um dia e o que virá a ser: criança, velho, mulher, planta, inseto, índio, oriental, negro, apressado, zen… Quando acesso a minha memória “rã”, retiro sapos, cobras e lagartos do meu passado, mas também deleto lembranças tristes, pensamentos maldosos, inveja, dor, ressentimentos… Procuro salvar arquivos da minha história, do meu país e do mundo para não perder as referências do meu passado, para que eu possa apre(e)nder no futuro, organizo as pastas da memória com todos os livros já lidos e escritos pela minha letra ininteligível e aqueles que ainda irei ler e redigir; com as emoções sentidas e experimentadas nos